As carvoeiras poluem o meio ambiente em dose tripla: ar, solo e vegetação. |
Há tempos a atividade de fazer carvoeira mobiliza agricultores da cidade de Brejinho – PE, localizada a 420 km da capital Recife. Trata-se de um trabalho dispendioso que se resume em cavar uma vala no chão, preenchê-la de galhos e troncos de árvores, cobri-los com capim e terra e deixá-los queimar por vários dias. Este trabalho, tradicionalíssimo para os nordestinos, esbarra, no entanto, na questão ambiental. As carvoeiras são responsáveis por uma série de prejuízos ao equilíbrio natural, dentre eles, o desmatamento e a poluição do ar.
Quanto ao desmatamento, a árvore que mais sofre com a produção carvoeira é a jurema. Típica da região do semi-árido, a jurema se destaca das outras árvores por possuir longas raízes que são responsáveis pela captação de água até mesmo durante os períodos mais secos. Segundo o professor de biologia da EJSA Elcio Batista, a queima da jurema “se caracteriza por expelir poluentes pesados, como o monóxido de carbono (CO)”. Ele alerta, “um grande acúmulo de CO na corrente sanguínea pode ser perigoso, causando doenças como a asma, por exemplo”. Sabe-se também que os gases derivados do carbono são os principais causadores do “efeito estufa”.
Quem se arrisca no negócio das carvoeiras é o agricultor Luís Costa de Lima, 40 anos. Há cinco anos ele aprendeu a fazer carvão vegetal com o amigo Raimundo Nonato Cordeiro Monteiro, que também é agricultor. “Sinto dor nas costas por carregar os sacos de carvão, não é bom, mas fazer carvão é um meio para o ‘cabra’ ir sobrevivendo”, declara.
Sebastiana Alves Cordeiro, 47 anos, dona de casa, compra por R$ 10,00 cada saco de carvão que utiliza na sua cozinha. “O fogão a carvão é mais quente, cozinha os alimentos mais depressa”, afirma. Sebastiana alterna o uso do fogão a carvão com o uso do fogão a gás e garante fazer economia. Segundo ela, os alimentos ficam até mais saborosos quando cozidos no fogão a carvão. Já a estudante e dona de casa Vaquíria Gonçalves Cordeiro, 23 anos, parou de utilizar o carvão como combustível. “Parei de usá-lo porque suja as mãos, faz muita fumaça e traz problemas para minha saúde”, ela declara.
O desafio para quem trabalha com a produção de carvão vegetal e mesmo para quem usa é, então, unir o útil ao agradável. Alternar o uso do carvão com o uso do gás é uma alternativa para prevenir doenças respiratórias. Elcio Batista dá uma dica preciosa para transformar o trabalho de produção de carvão em algo sustentável: “Explore árvores, mas também as cultive”.
Por: Felizardo Neto
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