segunda-feira, 9 de maio de 2011

NA ESTRADA DO FUTURO – Felizardo Neto


Estudantes que moram longe da faculdade sacrificam tempo e arriscam a vida em busca de um futuro melhor.

De segunda a sexta-feira, das 16h e até as 18h30, uma espécie de ritual acontece quase que simultaneamente em diversas cidades que estão na área de influência de Patos. 16h30: hora do banho; 17h: jantar; 17h15: última checada no visual ou no material escolar para ver se “ta tudo O.K.”; 17h20: pegar o ônibus e, na última sexta-feira do mês, pagar ao motorista; 17h30: início da viagem de 60km até Patos, onde está localizada as Faculdades Integradas de Patos – FIP e outras instituições de ensino superior e técnicos; 18h30: chegada à Patos.
Este é o horário a ser cumprido quase todos os dias por estudantes como Aldenice Delfino de Lima, 25 anos, estudante de Sistemas de Informação da cidade de Brejinho e Alekson Messias, 25 anos, estudante de Processos Gerenciais da cidade de Itapetim, ambas cidades pernambucanas localizadas a cerca de 420km do Recife.
Alekson diz que apesar viajar apenas uma vez por semana para fazer o curso em Patos, descer a Serra do Teixeira se torna bastante cansativo, tendo em vista que assim que termina o expediente de trabalho em Brejinho, precisa voltar para Itapetim e de lá alguns minutos depois pegar o ônibus que leva a Patos. “Dá para perceber no semblante de vários colegas de viajem que fazem os cursos diariamente o cansaço, até porque a maioria possui uma jornada de trabalho durante o dia” afirma. “Estudar a noite também é um fator para esse cansaço”.
Já para Aldenice, o tempo escasso para fazer as tarefas que os professores pedem é a pior coisa para quem estuda noutra cidade. Ela é casada e, como a maioria dos seus colegas, trabalha o dia quase todo. Aldenice diz que só tem poucas horas da tarde para resolver as tarefas da faculdade. Perguntada sobre os riscos na estrada, ela, que já presenciou vários acidentes na Serra do Teixeira, afirma: “Todas as noites eu vou rezando e volto rezando”. Ela continua: “Tenho uma cunhada que foi contemplada com uma bolsa do Prouni, para cursar Pedagogia nas FIP, e não estudou simplesmente por que teve medo de sofrer algum acidente na serra”.
Medo e reclamações à parte, Alekson e Aldenice são dois idealistas que vêem nos estudos um futuro promissor e que não pensam em desistir jamais. Aldenice começará em breve um projeto em prol de melhorar o uso da internet no seu município, o “Web 2.0 no processo de inclusão”. E Alekson pensa em concluir o curso e se especializar na área administrativa e quem sabe estabelecer um empreendimento próprio. “Penso também em realizar um estudo sobre o empreendedorismo em cidades do interior com foco especial no comércio em minha cidade natal Itapetim”, afirmou, com um sorriso no rosto, o estudante de Processos Gerenciais.

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