segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Alunos denunciam problemas em escolas pelo Facebook



Mariana Monzani e Cristiane Capuchinho Do UOL, em São Paulo Atualizado em: 22/10/2012 - 13h15 


O dia do basta. Pela internet, alunos de escola pública de todo o Brasil marcaram para esta segunda-feira (22) um protesto pedindo uma "escola digna". A proposta da ação é enviar mensagens para o gabinete do ministro da Educação, Aloizio Mercadante, e para as secretarias municipais e estaduais de Educação denunciando os problemas de suas unidades.
 

A manifestação é parte da onda de protestos virtuais que começou em agosto deste ano, com a divulgação da página Diário de Classe feita pela estudante catarinense Isadora Faber, 13, que tornou públicos os problemas da escola em que estuda em Florianópolis. 

Agora são ao menos 30 páginas na rede social que reúnem denúncias em escolas e universidades de 14 Estados brasileiros e do Distrito Federal. 
(Continua)



Desveladas na internet, centenas de fotos expõem descuidos com as unidades escolares. Carteiras quebradas, banheiros sem porta, que não funcionam, salas de aula abandonadas, lousas quebradas, quadras inutilizadas, fiação exposta, lixo e reformas inacabadas são alguns dos problemas apresentados. 

Nas mensagens, os alunos também reclamam da falta de professores, problemas com equipamento eletrônico e da qualidade da merenda. 

Entre as 30 páginas encontradas pelo levantamento do UOL Educação, 26 são escolas de ensino fundamental e médio, duas delas são de universidades e outras duas reúnem diferentes escolas do mesmo município. A maioria das instituições é de responsabilidade estadual. 

São Paulo é o Estado com maior número de páginas (8), a Bahia tem quatro, Espírito Santo, Maranhão, Pará, Paraíba, Rio Grande do Sul e Santa Catarina têm duas cada. Para fechar a lista, ao menos uma página existe em Alagoas, Distrito Federal, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco, Piauí e Rio de Janeiro. 

Melhorias 

Os estudantes deixam claro em suas páginas que a ação é autônoma e tentam se unir por meio da rede para pressionar as autoridades por uma escola de qualidade.  

Como Isadora Faber, que ultrapassou os 340 mil seguidores e conquistou melhorias para sua escola, alguns jovens percebem resultados imediatos de sua ação. 

O aluno Emerson Mendes, de Itamaraju (BA), conta que depois da criação de sua página a maioria dos problemas de sua escola foram resolvidos: os banheiros quebrados, as fechaduras quebradas e a fiação exposta. Ele ainda espera intervenções na quadra esportiva. 

No caso da Escola Estadual de São Paulo, o estudante Guilherme (que não quis divulgar seu sobrenome), 14, afirma que até o momento apenas um buraco aberto no pátio foi consertado pela escola. Ainda restam salas em desuso, infiltração, banheiros e janelas quebradas, entre outros problemas. 

Procuradas pelo UOL, secretarias estaduais afirmam, em sua maioria, que as redes sociais não são o local para a denúncia de problemas nas unidades escolares. No entanto, após saberem dos problemas por meio das páginas dos alunos ou por meio da imprensa, providências passaram a ser tomadas. 

Muitos "likes", mas pouco apoio 

Para Gisele Chaves, 17, criadora do Diário de Classe da EEPAC (Escola Estadual de Ensino Médio Professor Pedro Augusto Porto Caminha), de João Pessoa (PB), escrever o diário do colégio serviu para que os problemas fossem divulgados. "Criamos essa página com a finalidade de mostrar a realidade da escola, isso inclui o lado bom e o ruim, e significa que sabemos reconhecer quando um trabalho é bem realizado", explica a aluna. 

Com quase 3 mil "curtidas" em sua página, Gisele conta que a participação dos alunos é essencial para um bom resultado. "Na página, vejo muitos que apoiam, mas ao redor, de verdade, são poucos." Já Guilherme, que junto com outros amigos, faz o diário da escola, diz que teve apoio da coordenadoria ao relatar problemas encontrados. "Tem que mostrar o nome e persistir para poder apresentar os problemas da escola, porque, só assim, aparece algum resultado", explica o aluno. 

Sua escola tem problemas? Na área de comentários, conte ao UOL qual a situação da sua escola. Não esqueça de colocar o nome completo da instituição e o nome da cidade. Denúncias podem ser enviadas também para o e-mail vestibular@uol.com.br.

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