No nordeste brasileiro e, mais especificamente, na pequena cidade de Brejinho, personagens com seus trabalhos lembram a importância do carro de boi.
De tão presente e, ao mesmo tempo, de tanto saudosismo que carrega, o carro de boi nordestino é cultura viva a transportar as mais diversas mercadorias, como frutas, verduras, lenha e até mudanças pelos campos e pelas ruas das cidades. Assim também é na pequena Brejinho, cidade pernambucana localizada a 420 km da capital Recife.
A estrada que o carro de boi percorreu do Recife até Brejinho foi, portanto, bastante comprida. Na verdade, não só a estrada de barro, mas também a estrada do tempo. Estrada situada entre o século XVI
(quando foi utilizado para transportar cana e pessoas nos engenhos recifenses) até o século XX (quando foi utilizado pela primeira vez em terras brejinhenses nas mais diversas funções).
A prova dessa importância são as histórias contadas por brejinhenses que conhecem o ofício de lidar com o carro de boi.
Bastam poucos minutos de caminhada pelas ruas de Brejinho para se ouvir o “cantador” do carro de boi de Guri. Há dezesseis anos ele transporta tijolos, areia e água no mesmo carro de boi.
Guri conta que preferiu a companhia dos bois “Canário” e “Craúna” do que a companhia do encarregado de obras, nas construções intermináveis de São Paulo. Ele disse que nunca teve vontade de viajar para trabalhar, mas sim de ser independente no seu próprio lugar. Sendo assim, depois de ter trabalhado algum tempo numa padaria, resolveu comprar dois bois (uma “junta de bois”) e mandar fazer um carro. Guri tinha acabado de se casar.
O agricultor demonstra ter amor pelo que faz. “Eu adoro ser lembrado como o ‘rapaz do carro de boi’ aqui na cidade”, diz ele, “só vendo meu carro de boi se já tiver um outro, mais novo, para continuar o meu serviço”, completa, demonstrando convicção.
Felizardo Alves Monteiro Neto, brejinhense e aluno do 4º período de Comunicação Social.
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