"Para Daniela Machado, aluno do 2º ano do ensino médio,
livros são pouco usados"
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Especialistas temem que professores não consigam se preparar para o formato em dois anos
A reforma do ensino médio nos moldes do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) já começou antes mesmo da reestruturação do currículo. A partir de 2015, os livros didáticos das redes públicas serão interligados dentro das quatro áreas de conhecimento propostas pela prova. "Não significa o fim do livro didático por disciplina, mas cada matéria terá de dialogar com outras", explica o secretário de educação básica do Ministério da Educação (MEC), Romeu Caputo.
O edital dos livros didáticos para 2015 exige que as disciplinas de Química, Física e Biologia, por exemplo, estejam interligadas e atendam a requisitos mínimos comuns das Ciências da Natureza. Pela primeira vez, o documento prevê que as editoras apresentem obras com complementos digitais - e-books, jogos e aplicativos. Os próximos editais devem seguir esse mesmo formato, segundo o MEC.
Uma comissão de avaliadores em 12 universidades federais analisa se os livros apresentados em agosto por editoras de todo o País atendem a esses critérios. Até junho de 2014, um guia de obras recomendadas pelo governo federal deve ser enviado às escolas públicas.
O presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), Luiz Cláudio Costa, diz que o modelo curricular do Brasil é historicamente determinado pelos vestibulares. "Antes, poucas escolas tinham acesso a essas informações. Com o Enem e suas áreas definidas, todo mundo está conhecendo as matrizes de habilidades e competências, especialmente as escolas públicas."
Especialistas, porém, temem a adoção de obras nesse modelo sem a preparação dos professores. "Uma coisa é produzir o material, outra é ser usado com qualidade", diz Paula Louzano, doutora em Educação pela Universidade de Harvard. Para João Roberto Moreira Alves, presidente do Instituto de Pesquisas e Administração da Educação, a formação dos professores, se iniciada hoje, só alcançaria maturidade em 4 anos.
Para alunos e pais das redes públicas, os novos livros só representarão uma mudança no formato do ensino médio quando o material didático for efetivamente usado na sala de aula. "Hoje o livro é pouco usado porque os professores levam os materiais deles e os alunos não querem carregar tanto peso à toa", afirma Daniela Machado, de 17 anos, que cursa o 2.º ano do ensino médio na Escola Estadual Ibrahim Nobre, na zona sul de São Paulo.
COLABOROU CARINA BACELAR, ESPECIAL PARA O ESTADO
Fonte: estadao.br.msn.com
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