segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Professora com síndrome de Down lança livro no RN

Aliny Gama
Do UOL, em Maceió


Débora de Araújo Seabra de Moura, 32, primeira professora com síndrome de Down
Aos 32 anos, a professora potiguar Débora de Araújo Seabra de Moura é a primeira professora com síndrome de Down no Brasil, segundo a Associação Síndrome de Down do Rio Grande do Norte. Ela é professora auxiliar de desenvolvimento infantil há nove anos e acaba de publicar o livro "Débora conta histórias", da editora Alfaguara.
"Sempre gostei de ler, escrever, estudar, por isso escolhi ser professora. A leitura faz o aluno desenvolver muito a memória. Por mais que tenhamos dificuldades, não podemos desistir dos nossos sonhos", disse Débora, que fez curso de atriz para melhorar a deficiência que tem na dicção e poder se desempenhar mais como professora dos alunos do 1º ano do ensino fundamental da Escola Doméstica. Ao concluir o magistério, Débora estagiou na Universidade Estadual de Campinas.
Em 32 páginas, Débora conta histórias de superação de dificuldades e de preconceito relatadas a partir da personagem Sandra – nome da sua primeira professora e amiga até hoje (Sandra Nicolussi) – que mora em uma fazenda e tem contato direto com animais. A apresentação do livro, que foi lançado nessa quinta-feira (5), em Natal, é do escritor e membro da ABL (Academia Brasileira de Letras) João Ubaldo Ribeiro.
Capa do livro "Débora conta histórias"
Uma das histórias é a do passarinho com a asa quebrada, que relata a aventura de um passarinho que sabe voar e, mesmo com dificuldades, sempre chega ao lugar desejado – atrás dos outros, mas consegue.
"Essa história se parece muito com a história da vida de Débora. Ela consegue tudo, mas mais devagar que as outras pessoas. Ela vai lá e mostra que sabe fazer fazendo", disse a mãe de Débora, Margarida Seabra de Moura.
Este é o primeiro livro impresso de Débora, escrito em 2010, mas ela também já escreveu um segundo relatando histórias da família, que foi feito à mão e dado de presente aos familiares.

Ensino regular

Os pais de Débora contam que quando a filha nasceu ficaram sem saber como cuidar de um bebê com síndrome de Down. Após quatro meses do nascimento da filha, os dois viajaram para São Paulo em busca de orientação para estimular Débora a viver uma vida igual a de outras crianças.
"Meu marido, que é médico, pesquisava nos livros e não encontrava quase nada em relação à Síndrome, no máximo meia página e nada que nos desse esperança. Tivemos de aprender que o estímulo às potencialidades de Débora a fizeram uma criança como as outras. Vimos que ela era inteligente e com oito meses Débora já segurava a boca e não babava. Foi assim que ajudamos Débora a superar as dificuldades", contou Margarida.
Débora sempre estudou em escolas de ensino regular, cursou do ensino infantil ao magistério junto com outros estudantes que não possuem deficiência intelectual. "As professoras disseram que não eram especialistas em alunos com síndrome de Down, mas receberam Débora e as outras duas crianças com a mesma deficiência na condição que as famílias acompanhassem as atividades escolares", disse Margarida.
Débora recebia reforço pedagógico durante o intervalo, com aulas práticas direcionadas para estimular a memória. "Se a aula era sobre célula, a professora depois ia mostrar na prática o que era uma célula. Quebrava o ovo e mostrava. Foi assim que Débora foi aprendendo igual aos outros alunos da sala", afirma a mãe da professora.
Hoje Débora afirma que é contrária à separação de alunos com deficiência intelectual. Para ela, a inclusão do aluno em sala de aula regular o faz superar com realidade a deficiência e estudo tem de ser aliado a um reforço pedagógico.
"A escola especial exclui o aluno socialmente, por isso, vejo com o meu exemplo, que a escola regular deve ser a principal atividade do aluno e complementar as atividades de desenvolvimento pedagógico voltado para o ensino prático para fixar o aprendizado em sala de aula regular", diz.
Fonte: BOL Notícias

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