segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Ciência sem Fronteiras: Alunos criam sites para quem sonha com intercâmbio


Em São Paulo
Com o aumento de oportunidades de intercâmbio internacional, sobretudo pelo Programa Ciência sem Fronteiras (CsF), ex-bolsistas têm feito sucesso na internet com dicas e relatos sobre a experiência de estudar fora. Os alunos se tornaram estrelas na web, com milhares de seguidores. Alguns montaram redes virtuais para ajudar quem deseja viajar.

De 2011 até o ano passado, mais de 70 mil estudantes e pesquisadores foram para o exterior por meio do programa do MEC (Ministério da Educação). Do total, 31 mil continuam em outros países.

Em 2014, o governo federal prometeu uma nova etapa do CsF, com outras 100 mil bolsas. Esse número, entretanto, não seria suficiente para beneficiar todos os seguidores da universitária carioca Julia Jolie, de 23 anos.

O canal de Julia no YouTube tem 161 mil seguidores e seus vídeos já foram acessados mais de 7,7 milhões de vezes. Aluna de biomedicina da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), Julia conquistou adeptos nas redes sociais ao publicar vídeos simples, com linguagem informal, sobre como participar do CsF, morar em outro país e como aprender inglês.

A produção se intensificou quando ela esteve, entre 2012 e 2013, na Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, pelo Ciência Sem Fronteiras. "Há muita burocracia e especificidades para participar do programa e isso traz muito interesse."

Ela realiza a gravação e a edição em casa. Atualmente, Julia posta três vídeos por semana nos quais fala sobre inglês, ciências e dá dicas de intercâmbio. A exposição já faz com que a estudante seja reconhecida na rua. "Fico feliz quando recebo o carinho de alguém porque aquilo ajudou a pessoa, não porque tenho um talento artístico."


Redes

Após intercâmbio pelo CsF em duas instituições americanas, entre 2012 e 2013, a estudante Deborah Celestrini, de 24 anos, se uniu a outros três colegas para criar uma plataforma virtual que reúne relatos e dicas sobre intercâmbios. A Rede CsF já tem 1.560 integrantes.

"Queríamos dividir experiências, contar histórias de sucesso e colocar pessoas em contato", explica Deborah, aluna de farmácia da UFRJ. Além dos fundadores, a Rede CsF tem mais dois diretores e núcleos espalhados por várias universidades do país.

Com a plataforma, os alunos também contribuem para melhorar o programa. Um grupo se dedica a coletar críticas dos intercambistas. "Com isso, mapeamos pontos positivos e negativos para levarmos à Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, um dos órgãos que coordena o CsF)", diz Deborah.

Peirol Gomes, de 25 anos, estudante de engenharia da UFABC (Universidade Federal do ABC), também criou um portal, o MyCsF, após a experiência no programa. A ideia surgiu como trabalho de conclusão de uma disciplina nos Estados Unidos, onde estudou em três instituições. "O intuito era dar dicas para que aproveitassem melhor o intercâmbio. Um conselho de amigo, de quem vivenciou." O MyCsF já tirou cerca de 10 mil dúvidas sobre o tema.

O Facebook também se consolidou como um ponto de encontro para quem procura ajuda para estudar fora. A rede social tem mais de 150 grupos sobre o Ciência sem Fronteiras, alguns com mais de 120 mil inscritos.

O estudante Cássio Sousa, de 21 anos, procurou ajuda em algumas dessas páginas. Agora, ele está na Universidade de Illinois, nos Estados Unidos. "Os administradores dos grupos souberam coordenar o conteúdo do edital muito bem, principalmente para nos deixar alertas dos prazos e tirar dúvidas."

Sousa cursa engenharia no ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica) e é ex-bolsista do Instituto Ismart, que patrocina bons alunos em escolas privadas.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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