quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Garoto de 13 anos diz que criou impressora braile de lego em apenas um mês

Guilherme Tagiaroli
Do UOL, em São Paulo
  • Ricardo Matsukawa/UOL
    Shubham Banerjee, 13, desenvolveu uma impressora braile; na imagem, ele posa com a primeira versão do dispositivo feita de Lego e outra que é um protótipo que deve ser comercializada ainda neste ano
    Shubham Banerjee, 13, desenvolveu uma impressora braile; na imagem, ele posa com a primeira versão do dispositivo feita de Lego e outra que é um protótipo que deve ser comercializada ainda neste ano
"Como as pessoas cegas leem?". Essa foi a pergunta que motivou o norte-americano Shubham Banerjee, 13, a criar uma impressora braile feita com um kit de desenvolvimento de Lego que custa US$ 350 (aproximadamente R$  942). O dispositivo, basicamente, converte um texto convencional para o sistema de leitura com o tato para cegos.

"Vi que há pelo menos 50 milhões de pessoas com problemas de visão no mundo e que a grande maioria delas (90%) vive em países pobres", disse Banerjee, durante entrevista ao UOL Tecnologia, ao justificar sua iniciativa de fazer uma impressora braile acessível.
O trabalho do garoto chamou a atenção e fez com que ele recebesse investimento da Intel para constituir uma empresa e produzir em escala comercial uma impressora braile acessível. A Braigo Labs, como é chamada a companhia, deve lançar a primeira versão do produto durante o verão no hemisfério norte (quando será inverno aqui no hemisfério sul) e deve custar menos de US$ 500 (cerca de R$ 1.347).
Mesmo assim, disse o garoto, a Braigo Labs doará 25 impressoras para institutos que cuidam de deficientes visuais.

Acompanhe a seguir um trecho da conversa que a reportagem teve com o Shubham Banerjee, durante a 8ª edição da Campus Party, realizada no Centro de Exposições São Paulo Expo, na capital paulista:
UOL Tecnologia: Quando começou programar?
Shubham Banerjee: Comecei a estudar programação por iniciativa própria aos 11 anos. Primeiro, aprendi lógica de programação pesquisando sobre o assunto no Google. A primeira linguagem que tive contato foi Python e depois na escola tive a oportunidade de aprender Java.

UOL Tecnologia: De onde surgiu a ideia de criar a impressora Braigo?
Banerjee: Tive curiosidade um dia em saber como os deficientes visuais conseguem ler e pesquisei na internet. Na ocasião, vi que há pelo menos 50 milhões de pessoas com problemas de visão no mundo e que a grande maioria delas (90%) vive em países pobre.

Depois, continuando minha pesquisa, vi que as soluções para converter texto em braile são muito caras. A partir disso, passei a estudar o assunto e fiz o primeiro modelo da impressora, usando um kit de desenvolvimento Lego Mindstorm que custa US$ 350.

Gastei um mês trabalhando bastante para produzi-la. Na época, dormia de quatro a cinco horas por dia.

UOL Tecnologia: Quando vocês devem lançar uma versão final da Braigo?
Ricardo Matsukawa/UOL
A impressora braile funciona como uma convencional. O texto é convertido para braile e, em seguida, enviado para a impressora que faz marcas no papel para serem lidos por cegos
 Banerjee: Ainda estamos desenvolvendo o design da versão final, mas achamos que devemos lançar comercialmente a Brigo durante o verão nos Estados Unidos. Não sabemos o preço ainda. A única certeza é que deve custar menos de US$ 500.

Assim que tivermos um modelo comercial, vamos doar algumas unidades para institutos que cuidam de deficientes visuais.

UOL Tecnologia: Que dicas você dá para quem pensa em desenvolver algo ou em começar um negócio?
Banerjee: Os interessados em empreender devem procurar ajuda de pessoas próximas, como amigos e familiares. Deve ser como um esporte coletivo, onde ninguém consegue ganhar sozinho.

UOL Tecnologia: Quantas pessoas fazem parte da Brigo Labs?
Banerjee: Atualmente, somos um time de dez pessoas. Como eu ainda estudo, dedico cerca de 1 hora e meia de meu dia nas atividades da companhia.

UOL Tecnologia: Quais os próximos passos?
Banerjee: Queremos lançar a impressora braile ainda este ano. Para isso, precisamos melhorar o design do modelo que temos.  Quanto a mim, por enquanto, continuarei estudando para no futuro me tornar cirurgião ou engenheiro. 

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