Teste de Física
Os amantes da Física e da sétima arte podem juntar os dois prazeres com a estreia nos cinemas de “Gravidade”, de Alfonso Cuarón. A produção contou com a ajuda de um consultor que trabalhou por 15 anos na Nasa para garantir autenticidade ao longa - o que não costuma ser o padrão das obras do gênero.
Afinal, a arte pode imitar a vida, mas os filmes de Hollywood nem sempre imitam as leis da Física. “Em prol da atenção e da emoção dos espectadores, eles enchem de efeitos sonoros e visuais que violam conceitos físicos”, exemplifica Ricardo Helou Doca, professor de Física do Curso Objetivo. “É entretenimento. Você tem que sair maravilhado do filme.”
Ainda assim, vale a pena ver os filmes para entender conceitos físicos – ainda que seja para ver o que Hollywood faz de errado.
Confira alguns dos longas-metragens que passaram ou foram reprovados no teste da Física.
“2001 – Uma Odisseia no Espaço” (1968)
“2001 - Uma Odisseia no Espaço”, de Stanley Kubrick, é um dos poucos filmes de ficção científica aplaudidos pelos professores de Física.
No longa, não há ruídos no espaço. Afinal, as ondas sonoras não se propagam no vácuo.
Há até mesmo um exemplo de simulação gravitacional. Uma das naves tem uma estrutura similar à de uma roda de carroça, que permanece girando. Esse movimento gera a força centrífuga, o que dá a sensação de gravidade.
“Star Wars” (1977)
Uma das maiores sagas de ficção científica da história do cinema também é uma das que mais desrespeita os princípios físicos. Mas, convenhamos, as cenas de lutas galácticas seriam bem menos excitantes se fossem mudas.
O mesmo vale para o efeito sonoro dos sabres de luz. Além disso, um feixe de luz não se choca com outro. “Eles estão transformando uma onda eletromagnética em algo material e cortante”, diz o professor.
“Apollo 13” (1995)
“Apollo 13”, dirigido por Ron Howard, conta a história da missão à lua interrompida ainda na ida por um acidente – aquele da famosa frase “Houston, we have a problem”.
Até mesmo por contar uma história real, o filme retrata com bastante precisão a experiência do espaço, principalmente quanto à gravidade.
Para filmar as cenas, foi utilizado um avião em queda livre. “Tudo o que estiver dentro de todo corpo despencando sob ação exclusiva da gravidade levita”, explica o professor.
“Armageddon” (1998)
“Armageddon” entra na lista de muitos físicos como um dos filmes mais desrespeitosos à ciência. Pode-se dizer que todo o conceito do filme está errado, a começar pela detecção do asteroide, que seria muito difícil de ser feita a tempo.
Ainda que chegassem ao asteroide com antecedência, dificilmente seriam bem-sucedidos. Alunos de pós-graduação da Universidade de Leicester, no Reino Unido, chegaram à conclusão de que seria necessária uma bomba 1 bilhão de vezes mais forte que a maior já detonada.
Além disso, a radiação da explosão alcançaria os astronautas muito antes de eles chegarem a Terra. Ou seja, Bruce Willis já iria morrer de qualquer jeito.
“O Homem de Aço” (2013)
O Superman é tão poderoso que desafia até mesmo a lei da gravidade. Ou você acha que aquela capa é suficiente para mantê-lo voando? “Ele acelera, breca, faz curva, segura a Lois [Lane] em queda de prédio, sem nenhum sistema propulsor”, comenta o professor.
Voar é um dos vários poderes do Superman que não fazem sentido se você levar em conta a Física. Sua visão de raio X, por exemplo, não tem viabilidade alguma, uma vez que seu olho teria que ser emissor e receptor de ondas eletromagnéticas de alta frequência.
“Homem de Ferro 3” (2013)
Ao contrário do Superman, o Homem de Ferro é um ser humano cujo maior superpoder é a sua genialidade. Por causa disso, ele é pelo menos um pouco mais respeitoso com a lei da gravidade.
Seu poder de voar vem de jatos propulsores de sua armadura. “Isso torna menos impossível o deslocamento dele. Pelo menos ele teria como interagir com o ar e com o ambiente ao redor”, diz Ricardo. Embora fisicamente possível, o voo não seria muito viável devido à grande quantidade de energia necessária.
“Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge” (2012)
Assim como seu companheiro da Liga da Justiça, Superman, a capa do Batman pouco tornaria seu voo bem-sucedido. O tamanho de suas asas de morcego não seria suficiente para reduzir sua velocidade quando chegasse ao chão.
O batmóvel dos filmes da saga desde “Batman Begins” (2005), no entanto, foi construído para o filme para poder fazer de verdade a maior parte de seus movimentos, o que inclui curvas em alta velocidade.
Essas manobras são reservadas para poucos carros, no entanto. “Cada curva tem uma velocidade máxima chamada de limite”, explica Ricardo. “É uma lei da inércia da curva.” Na verdade, a maioria dos carros dos filmes de ação sairia literalmente pela tangente.
“Os Vingadores” (2012)
“Os Vingadores”, assim como praticamente todos os filmes de ação existentes, é repleto de cenas de explosão de carros. Só que, para isso acontecer, é necessária uma série de fatores.
O que explode não é o líquido e sim o vapor. Por isso, seria necessário que uma fagulha ou chama entrasse em um tanque relativamente vazio, que é fechado. “Você tem um ambiente fechado cheio de vapores que entra em combustão, isso vai aumentar a pressão dentro do tanque”, afirma Ricardo. “A explosão vem da pressão.”
“O Espetacular Homem-Aranha” (2012)
Peter Parker é um gênio da ciência e inventou sua própria teia. “Se partirmos do pressuposto de que o lançamento das teias é possível, e elas são fortes o suficiente para aguentar uma pessoa, então tudo bem”, brinca Ricardo. “Atravessar a 5ª Avenida é inverossímil. Mas é divertido.”
Se pensarmos que o Homem Aranha pesa em torno de 70 kg, a força peso dele seria de 700N. A teia precisaria, portanto, ter uma tração maior que essa força. “Tem que ver de qual material é feito”, diz o professor.
Fonte: noticias.br.msn.com
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