Mariana Tokarnia
Da Agência Brasil, em Brasília
Da Agência Brasil, em Brasília
Não são apenas os jovens que estão buscando a educação no Brasil. Os idosos, que comemoram hoje (1º) o seu dia, estão procurando, cada vez mais, desde o ensino básico até o ensino superior. Alguns realizam o sonho de fazer a segunda graduação em uma área que sempre lhes despertou interesse, outros alcançam a meta de aprender a ler e escrever.
O Dia do Idoso foi instituído pela Organização das Nações Unidas e, posteriormente, escolhido para a criação do Estatuto do Idoso, que comemora 11 anos.
Neste ano, 15,5 mil idosos fizeram a inscrição no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio). O número de inscritos com 60 anos ou mais cresce anualmente. Segundo o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), no ano passado esses inscritos somaram 10,9 mil. Em 2009, foram 4,7 mil idosos.
"O aumento de idosos está sendo identificado em várias instituições de ensino superior. São pessoas aposentadas, que por vezes já têm diploma de ensino superior e buscam outros cursos. Procuram uma mudança de carreira ou a realização de um sonho", diz o superintendente-geral de Educação a Distância do Centro Universitário Iesb, em Brasília, Francisco Botelho.
Ele lembra também os estudantes que buscam o ensino superior particular, sem bolsas. Segundo Botelho, muitos procuram os cursos a distância pela comodidade. O engenheiro agrônomo aposentado Tarcisio Siqueira é um desses estudantes. Ele tem 75 anos, 41 dedicados à agronomia. Depois de aposentado, para "exercitar o cérebro", decidiu estudar engenharia civil a distância.
"O nível de entendimento daquilo que é repassado, de compreensão e assimilação, é diferente", compara a segunda com a primeira graduação, concluída quando tinha pouco menos de 30 anos. "Tenho assimilado com mais facilidade por causa da experiência que acumulei. Tenho também mais tranquilidade com o conteúdo que é colocado", diz.
Luiz Pereira de Souza, 84 anos, sapateiro aposentado, realiza o sonho de aprender a ler. E garante: "Estou me dando muito bem". Luiz entrou neste ano em um grupo de alfabetização de adultos no Cedep (Centro de Cultura e Desenvolvimento do Paranoá), no Distrito Federal. Quando as aulas começaram, já sabia ler "alguma coisa e escrevia o nome". Agora, ele, que é evangélico, consegue ler a Bíblia.
"Estudar é muito bom, a gente aprende muita coisa, a ler, escrever, contar. A professora é gentil, tem muita paciência comigo", diz o estudante.
"Na minha opinião, esses alunos procuram outro modo de vida, outro conjunto de pessoas, uma vida em que tenham representatividade. Quando chegam, necessitam de carinho, atenção. Não é mais para entrar no mercado de trabalho, mas para se comunicar. É um sonho de aprender", explica a coordenadora de curso do Programa DF Alfabetizado, Eva Lopes. "A alfabetização muda a vida. Tive uma aluna que aprendeu a ler comigo, com mais de 80 anos. Ela me disse que começou a se deslocar mais quando aprendeu a ler a palavra Paranoá e sabia que ônibus devia pegar", conta a alfabetizadora.
Os idosos são hoje no país 26,3 milhões, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O número representa 13% da população. A expectativa é que esse percentual aumente e que em 2060 chegue a 34%, segundo previsão do próprio IBGE.
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