Do Porvir
No combate ao analfabetismo uma nova ferramenta está se mostrando bastante poderosa e eficaz: o celular. Segundo dados da ONU, hoje a população mundial já ultrapassou a marca dos sete bilhões, dos quais seis bilhões têm acesso a telefones celulares, o que comprova que o alcance a tecnologias móveis é maior do que a condições básicas de saneamento. No mundo, só 4,5 bilhões de pessoas têm acesso a banheiros, por exemplo. Essa disseminação em conjunto com o crescimento das conexões de banda larga em países em desenvolvimento está fomentando a leitura em regiões onde o acesso aos livros é mais restrito.
A constatação é do relatório realizado pela Unesco, em parceria com a Nokia e a ONG Worldreader, chamado Lendo na Era do Celular (Reading in the Mobile Era, em inglês). Para realizar a pesquisa, 4.330 pessoas foram ouvidas sobre os seus hábitos de leitura em dispositivos móveis em sete países em desenvolvimento (Etiópia, Gana, Índia, Quênia, Nigéria, Paquistão e Zimbábue). A taxa média de analfabetismo de adultos nos países observados é de 34%, cerca de um terço da população. No Brasil, segundo dados do IBGE divulgados ano passado, a taxa de analfabetismo entre pessoas de 15 anos ou mais foi estimada em 8,7%.
A pesquisa também aponta diferenças de gênero importantes. Embora a maioria dos que praticam a leitura pelo celular sejam homens (77%), as mulheres dedicam mais tempo à atividade, gastando em média 277 minutos por mês, contra 33 minutos que os homens passam lendo.
Para Tinashe, uma das entrevistadas para a pesquisa e estudante de recursos humanos no Zimbábue, usar o celular para a leitura deixou o hábito mais presente em sua vida. "Eu realmente leio mais agora que faço isso pelo meu celular. Acho que é porque posso levar o meu telefone onde quer que eu vá e é muito mais fácil do que carregar um livro, além dele sempre estar comigo quando tenho vontade de ler", conta a estudante que diz ter preferência por histórias de romance.
Segundo a Unesco, essa é a maior pesquisa já realizada sobre o hábito de leitura em dispositivos móveis em países em desenvolvimento e relata que os resultados são encorajadores: as pessoas estão lendo mais, estão lendo para seus filhos e querem mais conteúdos disponibilizados nessas plataformas.
"A principal conclusão deste estudo é que os dispositivos móveis podem ajudar as pessoas a desenvolver, manter e melhorar as suas competências de alfabetização", afirmou em um comunicado Mark West, um dos responsáveis pelo projeto na Unesco. "Isso é importante porque a alfabetização abre as portas para oportunidades que podem mudar a vida das pessoas", completa.
Fonte: BOL Notícias
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