O desafio do ensino brasileiro não é só lutar por mais recursos, mas definir prioridades de investimento. Essa é a avaliação do vice-diretor de educação da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), Andreas Schleicher. Para ele, o País enfrenta um desafio em dobro: melhorar a qualidade e trazer mais alunos para as salas de aula.
O Brasil é uma economia emergente, mas vai mal nos rankings de educação. Como melhorar?
O caminho para uma boa educação é longo. A qualidade do ensino não será melhor do que a qualidade dos professores. É preciso trazer grandes alunos para a docência e garantir que os estudantes terão a melhor aprendizagem.
Como o senhor avalia o desenvolvimento do Brasil?
Nenhum país teve tanto sucesso nas notas dos estudantes quanto o Brasil nos últimos anos. Ao mesmo tempo, houve avanços ao trazer mais jovens para as salas de aula. É um desafio duplo, tanto de qualidade quanto de quantidade.
Que fatores explicam a má posição do País na lista global?
É necessário investir mais em professores, para atrair profissionais talentosos para a área. Não é só questão de gastar muito dinheiro, mas investir para ter melhores resultados. Recursos serão importantes, porém não suficientes.
O problema é geral na América Latina. Quais são as dificuldades comuns entre os países?
O Brasil e o México tiveram avanços consideráveis, mas a América Latina ainda aparece mal. A diferença entre as escolas mais ricas e as mais pobres ainda é muito grande. Não sou pessimista. Alguns desafios resolvidos pelo Brasil mostram que há soluções possíveis.
A que o senhor atribui a boa colocação da China no ranking?
A China é um bom exemplo de como a educação foi vista como prioridade. Os alunos estudam duro na escola e acreditam que podem fazer a diferença. No Brasil, por exemplo, muitos professores apenas jogam o problema para o colega. É preciso resolver o desafio e não transferi-lo.
Fonte: estadao.br.msn.com
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