terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Genética influi mais que escola no desempenho do aluno, diz pesquisa

Estudo de universidade britânica analisou resultado de gêmeos em prova. 

Dados mostram que genes fazem diferença em 58% dos resultados.


Uma pesquisa da Universidade King’s College, de Londres, revelou que o desempenho de um estudante nos exames de avaliação tem mais relação com a genética do que com o conteúdo aprendido nas escolas e a ajuda da família. A pesquisa foi publicada nesta quinta-feira (12) na revista científica Plos One.
Os pesquisadores da universidade britânica analisaram os resultados de 11 mil gêmeos idênticos e não idênticos de 16 anos no exame de certificado geral da educação secundária (GSCE), uma prova que os estudantes do Reino Unido realizam ao final do ensino médio.
O estudo sugere que os genes de cada aluno faz, em média, uma diferença de 58% para os seus resultados nas disciplinas básicas de inglês, matemática e ciências. E os fatores ambientais, tais como a escola, bairro e da casa da família, têm um impacto menor, de 29%.
Os gêmeos idênticos compartilham 100% de seus genes, enquanto que gêmeos fraternos (não idênticos) têm em comum, em média, apenas metade dos genes que variam entre as pessoas. Segundo o estudo, se as notas dos exames dos gêmeos idênticos são mais parecidas do que os de gêmeos não idênticos, a diferença na pontuação do exame entre os dois conjuntos de gêmeos é devido à genética, e não da educação recebida e do meio ambiente em que vivem.
Ainda de acordo com a pesquisa, a genética tem mais influência no desempenho em ciências (58%) do que em humanas (42%).
Os autores explicam que o resultado do estudo não significa que o desempenho acadêmico de um aluno é geneticamente pré-determinado, ou que as intervenções da escola e da família não são importantes. A pesquisa revela, segundo eles, que reconhecendo a importância da predisposição natural da criança por meio da genética é possível ajudar a melhorar o aprendizado.
"Embora estes resultados não tenham implicações necessárias ou específicas para as políticas educacionais, é importante reconhecer o papel importante que a genética desempenha no sucesso escolar das crianças", afirma o professor Robert Plomin, do Centro de Psiquiatria da universidade. "Isso significa que os sistemas educacionais que são sensíveis às habilidades individuais e as necessidades das crianças, que são derivadas, em parte, a partir de suas predisposições genéticas, poderiam melhorar o desempenho educacional."
Para Nicholas Shakeshaft, que coordenou a pesquisa, destaca que a maneira como cada aluno aprende um conteúdo é diferente. "Nossa pesquisa mostra que as diferenças de desempenho escolar dos alunos têm mais relação com a natureza genética do que com o ambiente", explica. "A genética explica 60% do desempenho de um indivíduo , mas sim que a genética explica 60% das diferenças entre os indivíduos. Isto significa que a hereditariedade não é fixa. Se as influências ambientais mudam, então a influência da genética no rendimento escolar pode mudar também."
Já o professor Michael O'Donovan  ressalta que os pesquisadores descobriram que os ambientes para os alunos também são importantes e que o estudo não implica que as melhorias na educação não terá benefícios importantes. "Para os indivíduos que vivem nos melhores e piores ambientes , essa exposição pode fazer mais diferença na sua educação do que a genética. Mais pesquisas serão necessárias para avaliar as implicações dos resultados para as estratégias de ensino."
Fonte: g1.globo.com

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