Do Porvir
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"O humor é fundamentalmente importante para criar um clima de leveza, que facilita a aprendizagem", defende o pesquisador e professor William Strean, da Universidade de Alberta, nos Estados Unidos. Para ele, entretanto, a perspectiva de humor vai além de contar piadas e obter gargalhadas dos alunos. Ele passa também por trabalhar o movimento físico, atividades lúdicas e contação de história.
E Strean não propõe esse trabalho para alunos da educação básica, o que o professor faz é usar essas metodologias para jovens universitários. Segundo ele, é no ensino superior, onde estamos mais focados nas habilidades cognitivas quando mais precisamos trabalhar habilidades como paciência, trabalho sobre pressão, concentração e o pensamento criativo.
Começar uma aula com a leitura de um texto engraçado, compatilhando uma história divertida ou ainda jogando e dançando, para Strean, pode ter um impacto direto no aprendizado. "Embora a aprendizagem seja um negócio sério, pressão e emoções negativas podem ficar no caminho de uma pedagogia de sucesso. O humor é uma boa forma de desviar a atenção desses problemas", afirma.
Em seu artigo, o professor explica que o nosso nível de atenção durante uma aula, o que chama de consciência somática, é impactado por nossos sentimentos e empatia com o professor. "Somos incapazes de separar emoções da racionalidade", garante o educador que, depois depois de 18 anos trabalhando com essa metodologia, recebeu o Prêmio Rutherford de Excelência em Ensino Superior.
Ou seja, os alunos serão menos capazes de prestar atenção na aula e, por consequência, apreender todo o conteúdo, se estiverem preocupados com outras coisas ou apreensivos com o tratamento do próprio professor. "Além de promover a tão valiosa leveza, o humor constrói a ligação professor-aluno, que é essencial para a absorção e retenção do conteúdo", disse Strean. "Para melhorar essa relação com os alunos, nada melhor do que um professor fazer piada de si mesmo, por exempo."
Segundo um artigo publicado por Strean, os estudantes de hoje têm sido acusados de querer saber apenas o que precisam para as provas. E para ele, isso acontece porque o próprio modelo de universidade foca apenas o cognitivo. É no ensino superior onde ocorre uma maior diminuição das atividades relacionadas ao físico e emocional.
"É essencial incluir abordagens em sala de aula que passem a dar mais atenção e reforçar as questões ligadas à concentração e ao aprofundamento do aprendizado não-cognitivo. Por meio do humor conseguimos fazer conexões no cérebro que estimulam, por exemplo, o tão deseja pensamento criativo", diz.
"Uma boa maneira de chamar a atenção é começar a aula passando um clipe de música. Entre os meus preferidos estão músicas do Black Eyed Peas, do Rolling Stones. Isso depende do gosto da turma, da atividade que você pode propor com isso", conta. Ou exemplo pode ser pedir que os alunos entreguem tarefas relacionadas a essas atividades, como listas de top 10 filmes ou músicas para serem discutidos em aula, cartuns e até elaboração de quadros humorísticos.
Como professor, Strean também sabe das dificuldades de manter o bom humor e encarar a aula com leveza e, para ajudar, sugere que os mestres procurem algum tipo de meditação. Mas também levanta o questionamento: "Se fizermos uma pausa antes de entrar em sala de aula e pensarmos: já que estou indo ensinar, posso escolher antes como vou fazer isso hoje. Como seria a melhor maneira para esse momento? Inquisidor? Curioso? Divertido? Feliz?'".
Para ele, "é bastante claro que se formos capazes de moldar nosso clima e criar um modo de se envolver com os alunos, as ações dos educadores vão ser muito mais eficazes".
Fonte: BOL Notícias
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