Acesso cresce, mas problema de infraestrutura persiste, mostram dados da ONG Todos Pela Educação, referentes à rede pública
SÃO PAULO - Metade das escolas públicas do Brasil não tem computador para os alunos nem acesso à internet. No País, embora tenha diminuído em um terço o número de estudantes por equipamento - de 96, em 2008, para 34 em 2013 -, as escolas ainda enfrentam problemas de infraestrutura básica: faltam banda larga, laboratório de informática e até energia elétrica.
Os dados são de levantamento da ONG Todos pela Educação, com base no Censo Escolar 2013, obtido com exclusividade pelo Estado.
Os números mostram que, atualmente, 48,1% das escolas públicas de ensino básico não têm computador para uso individual dos alunos. A situação, contudo, melhorou nos últimos anos. De 2008 a 2013, o total de unidades sem acesso à internet caiu de 72,5% para 49,7% e o de escolas sem banda larga, de 82,3% para 59,3%.
Apesar das melhorias, o País ainda está distante das metas de universalizar o acesso à banda larga e de triplicar a oferta de computadores por aluno na rede pública, previstas no Plano Nacional de Educação, recentemente aprovado no Congresso.
Esses patamares ainda estão longe de serem atingidos, principalmente no Norte e Nordeste, que apresentam profundas desigualdades em relação às demais regiões. Apesar de terem investido na compra de equipamentos e apresentarem a redução mais significativa no número de alunos por computador de 2008 a 2013 - saíram de 163 e 162 alunos por máquina para 48 e 42, respectivamente -, essas regiões ainda têm as piores taxas de alunos por equipamento. A Região Sul, com 21 estudantes por computador, é a melhor. Em seguida estão o Centro-Oeste (30 por 1) e o Sudeste (35 por 1).
Infraestrutura precária. Mas não basta apenas a compra dos equipamentos. Diversas áreas sofrem ainda com a falta de infraestrutura básica. No Norte, por exemplo, 82,9% da rede pública não tem banda larga e 23,7% estão sem energia elétrica.
Segundo a gerente de projetos do Todos pela Educação, Andrea Bergamaschi, é preciso ter cuidado para que a desigualdade tecnológica não aprofunde o descompasso de aprendizado entre as regiões. “A tecnologia tem de ser usada para reduzir a desigualdade, não para aumentar.” Ela destaca a necessidade de articulação entre as Secretarias, quando, por exemplo, a escola não tem luz nem internet. “Se os equipamentos estão sendo comprados e não há estrutura, o que vai acontecer?”
O estudante Gustavo Brito de Oliveira, de 13 anos, que cursa a 7.ª série em uma escola estadual do Grajaú, na zona sul de São Paulo, conta que, dos 32 computadores do colégio, apenas 2 funcionam. “Seria melhor usá-los, poderíamos levar menos livros e ganhar tempo pesquisando rápido o que demoramos para achar na sala de aula.”
Em nota, a secretaria afirmou que vai enviar hoje um técnico à escola. Também informou que vai instaurar um processo administrativo para verificar o motivo pelo qual a maioria das máquinas não está disponível para uso dos alunos.
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