Não é preciso cruzar o oceano para estudar o idioma; países latinos têm opções para todos os gostos
Si, pero no mucho. Para deixar essa resposta de lado quando a pergunta é sobre o domínio do espanhol e abandonar de vez o portunhol, os brasileiros têm buscado cada vez mais cursos no exterior que conjuguem o aprendizado do idioma com outro de seu interesse. Alguns optam pelos mais tradicionais, como dança, culinária e história, mas há escolhas mais inusitadas como surfe e passeios a fábricas de charutos.
O espanhol é a segunda língua mais procurada para intercâmbio depois do inglês, afirma a diretora de produtos e operações da Experimento Intercâmbio Cultural, Fernanda Zocchio Semeoni. A procura, porém, ainda é baixa – representa apenas 5,5%. Entre os interessados, metade prefere a Espanha e os demais se dividem entre países da América Latina. Dentro do continente, os destinos mais procurados são Argentina, Chile e México, respectivamente. “São os mais lembrados por terem mais visibilidade no País. Também têm um custo-benefício mais baixo que o da Espanha.”
A estudante de Jornalismo Juliana Matsuoka Pasta, de 20 anos, escolheu Cusco, no Peru, como local para o intercâmbio por causa do custo e da vontade de explorar os países da região. E aprovou.
Juliana estudou um ano de espanhol antes de partir para o território vizinho, onde ficou um mês. Ela já era fluente em inglês, mas nunca tinha feito um intercâmbio. “Apesar de sempre ter tido vontade, nunca havia conseguido conciliar com estudos e trabalho.”
É crescente também o número de profissionais que aproveitam as férias para estudar, conta o diretor comercial da Egali, Guilherme Reischl. “Em vez de turismo, eles têm optado pelo intercâmbio. Como o período é curto, aproveitam intensamente.” Segundo ele, profissionais que estudam nas férias costumam ficar de duas a quatro semanas e aproveitam, em geral, para fazer cursos de dança e esqui.
Foi o que fez a consultora de estratégia da KPMG DeniseBarbalho Guirau, de 30 anos, que estudou em 2011 espanhol e tango, por 15 dias, na Argentina. “Estudava havia dois anos o idioma e queria mesclar a aprendizagem com algo que gosto, pois eram minhas férias.”
Denise fez três horas de espanhol e duas de tango por dia. A evolução foi nítida – tanto no entendimento da língua quanto na fluência. “Melhorou o ouvido e a fala. Aprendi o sotaque argentino e foi uma experiência bastante rica do ponto de vista cultural”, conta.
Para o professor de Espanhol da Fisk Francisco Javier Sanchez, a maior dificuldade dos brasileiros é a semelhança entre o português e o espanhol e o fato de a pronúncia aqui ser “mais cantada”. “O aluno demora um tempo para deixar o portunhol e pegar o sotaque espanhol. Depende de esforço e insistência.”
Sanchez, que é espanhol, aponta ainda como dificuldades os falsos cognatos (palavras iguais com significados diferentes) e a estrutura das frases, que é distinta nas duas línguas. “Muda o raciocínio.”
Entre as dicas que o professor dá estão assistir ao noticiário na televisão e às séries e escutar músicas em espanhol. “No site da TVE (televisão pública espanhola) é possível acompanhar as notícias com vocabulário bem estruturado e de fácil entendimento.”
Para experientes. Para a agente de viagens Cynthia Suzana, de 34 anos, as cinco semanas que passou em Santiago, no Chile, em 2011, serviram para conquistar a fluência no espanhol. Ela já tinha ido duas vezes para os Estados Unidos estudar inglês. “Escolhi o Chile porque lá o espanhol tem menos sotaque. Também avaliei preço, cultura, segurança e paisagens”, enumera a agente.
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