Marcelle Souza
Do UOL, em São Paulo
Alguns acham que nasceram para ela e outros dizem que jamais conseguirão entender como os números se misturam e se transformam. Tanto um grupo quanto o outro criam máximas a respeito da matemática. Mas será que elas são todas verdadeiras? Para os professores ouvidos pelo UOL, a maioria das frases relacionadas à matéria são, na verdade, mito.
Meninos, por exemplo, não aprendem mais que as meninas. "Eu não concordo. Acho que ainda é uma posição machista, que persegue a gente. As meninas são brilhantes e aprendem tanto quanto os meninos", diz Marcos Paiva, coordenador de matemática da Escola Mopi, localizada no Rio de Janeiro.
É bem verdade que o desempenho dos alunos brasileiros na disciplina é ruim -- assim como em português e ciências. Para ter uma ideia, num programa de avaliação internacional (Pisa), a média brasileira de matemática é 391 enquanto os países devenvolvidos tiraram nota 494.
Outro mito, dizem os professores, é pensar que dá para fazer qualquer conta na calculadora, ou então, solucionar qualquer problema apenas com a regra de três. "A calculadora é um instrumento de grande ajuda quando o tempo é restrito e se necessita de uma resposta de prontidão, mas de nada vale se não compreender o porquê da realização da operação. É como possuir um automóvel superpotente e maravilhoso, sem ter a CNH", afirma Juliana Lopes Resende, professora de matemática do Colégio Petrópolis- Aquarela, de São Bernardo.
"A regra de três é mais um recurso da matemática, e é válida somente para situações específicas, por isso é uma regra e não um teorema. Você já pensou em resolver uma equação usando regra de três?", diz Marquetti.
Os professores dizem que um dos maiores mitos é pensar que matemática é mais difícil que as disciplinas de humanas. Para eles, o que faz a diferença é a sua habilidade para a matéria e quanto você se dedica a ela.
Além disso, a matemática pode fazer a diferença para quem vai prestar vestibular para um curso de humanas. "O vestibular é uma prova que requer conhecimentos gerais, ou seja, de todas as disciplinas. Independe da área a que pretende se dedicar. Em universidades renomadíssimas no Brasil, para o ingresso no curso de direito, por exemplo, a prova específica de segunda fase exige a disciplina matemática; assim como, para qualquer curso, a avaliação da língua portuguesa é indispensável", diz a professora do Petrópolis- Aquarela.
Quem quer aprender mesmo deve investir na resolução de exercícios. "Ainda não inventaram uma forma melhor forma para aprender matemática do que fazendo exercícios. É igual futebol, ninguém aprende vendo imagens de grandes craques, tem que treinar", diz Paiva.
Por isso, esqueça a ideia de decorar fórmulas –isso sim, um grande mito, dizem os professores. "A maioria das fórmulas é mais fácil entender do que decorar", afirma o professor da escola Mopi. Para ele, o que faz mesmo a diferença é a dedicação do aluno e uma boa didática de ensino, que aproxima o estudante do que é aprendido em sala de aula. "O ensino da matemática mudou bastante. Hoje as aulas são mais contextualizadas, a gente tenta relacionar com o que aparece no dia a dia", afirma.
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