sexta-feira, 22 de março de 2013

Mais de 300 corretores foram afastados do Enem por má qualidade, diz MEC



Do UOL, em São Paulo

Dos 5.300 professores que trabalharam na correção das redações do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), mais de 300 foram afastados durante o processo de avaliação das provas por não corresponderem aos critérios de qualidade estabelecidos pela organização do exame.

As informações são do MEC (Ministério da Educação), que nesta quinta-feira (21) anunciou a intenção de zerar as provas dos candidatos que  fizerem “gracinhas” nas próximas edições do Enem.


De acordo com o Ministério, os professores afastados tiveram seu trabalho monitorado por supervisores de qualidade, que identificaram desvios. A correção das redações do Enem foi feita virtualmente, por professores com mestrado. Cada um recebia um pacote com 50 redações por dia. Caso finalizassem o primeiro lote, recebiam mais 50 textos, com um limite máximo de 100 por dia. A correção de cada redação garantia um pagamento de R$ 1,65.

A prova de avaliação do ensino médio, que passou ser um megavestibular para as universidades federais, voltou a ser questionada nesta semana após a divulgação de redações com erros de ortografia e concordância que tiveram nota máxima (1.000 pontos).

Dois candidatos também chamaram a atenção pelo deboche em relação ao exame. O primeiro ao incluir uma receita de macarrão instantâneo na redação, cujo tema era imigração, e conseguir 560 pontos. O segundo recebeu a metade da nota possível mesmo tendo incluindo trechos do hino do Palmeiras no texto.

Em entrevista ao UOL, o presidente do Inep (Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) - órgão do MEC responsável pela aplicação do Enem -, Luiz Cláudio Costa, disse que a intenção ao anular os textos com conteúdo inadequado é " separar o joio do trigo". "Em respeito ao participante sério. Se esses alunos quiseram testar o sistema, precisamos ser ainda mais rigorosos", disse.

Atualmente, esse tipo de deslize é "altamente penalizado", mas não elimina o inscrito, que não leva nota zero. 

Inserção indevida

Segundo o Inep, das mais de 4 milhões de redações corrigidas, apenas 300 apresentaram "inserções indevidas" -- ou seja, tinham um trecho sem conexão alguma com o restante do texto.  

Segundo o presidente do Inep, o Enem é "um processo em aprimoramento" e, por isso, críticas à correção são bem-vindas e ajudam a enriquecer o debate técnico. O exame foi criado 1998 para diagnosticar a qualidade do ensino médio. A partir de 2009, passou a ser usado por instituições federais como prova de vestibular.


Novo patamar para 1.000

Uma nova discussão que pode ser levantada após a polêmica dos erros graves em redações com nota máxima é sobre como seriam os textos nota 1.000. O Jornal O Globo mostrou exemplos com erros de ortografia como "trousse" (em vez de trouxe) e "rasoável" (em vez de razoável).

Há uma corrente que defende a coerência do texto e articulações das ideias como prevalente sobre deslizes de ortografia e de gramática. Outro grupo considera que a nota máxima deva considerar a perfeição na grafia e na concordância.

"Acho a redação importante pois o cidadão deve saber articular suas ideias em um texto e apresentar soluções aos problemas", diz Luiz Cláudio Costa. Não há intenção alguma de o Inep retirar a redação da avaliação.

Fonte: noticias.bol.uol.com.br

Nenhum comentário:

Postar um comentário