Edgard Matsuki
Do UOL, em Brasília
Ética, direito constitucional e direito
administrativo. Disciplinas que são tradicionalmente estudadas por quem
pretende uma vaga em concursos públicos começaram a ser ensinadas para crianças
do ensino fundamental e médio em uma rede de escolas particulares no Distrito
Federal.
Ao todo, 3.400 alunos em cinco escolas passaram a ter matérias preparatórias para concursos na grade curricular a partir deste ano.
O conteúdo começa a ser
ensinado dentro da matéria de cidadania no ensino fundamental, com uma aula
semanal. “Na primeira fase, entram algumas noções de cidadania que ajudam na
formação da pessoa”, diz Fabrícia Crispi, gerente educacional da rede Alub,
onde as mensalidades custam em média R$ 600.
De acordo com alunos, a
carga horária de química foi reduzida para que a disciplina de direito
entrasse.
Com cerca de um mês, a
novidade parece ter agradado os alunos. Ana Laura Machado, do 6º ano, diz estar
empolgada com a nova disciplina. “A gente aprende sobre a Constituição,
direitos, leis. É legal entender dessas coisas”, diz. Do 2º ano do ensino
médio, Laura Lourenço já pensa em seguir carreira em direito e na carreira
pública: “Eu quero ser advogada e penso em, no futuro, prestar concurso
público, sim. Está valendo para eu ter uma noção de como é a disciplina”.
Aline Dias, do 3º ano do
ensino médio, diz que ainda não conseguiu avaliar se gostou da novidade. “Só
tive uma aula até agora. Mas pode me ajudar em um concurso público sim. Minha
mãe gostaria que eu fizesse. Acho que todo brasiliense pensa em fazer”, fala a
garota.
Fabrícia explica que a
peculiaridade de região também influenciou na colocação das disciplinas dentro
da grade curricular: “Brasília tem uma característica de pessoas que buscam o
estudo não para fazer carreira em uma profissão específica e, sim, para passar
em um concurso. Muitos dos pais dos alunos são funcionários públicos e pediram
para implantar a novidade”, diz.
Crítica ao imediatismo
Todos na escola parecem
estar “empolgados” com a implantação das disciplinas, mas o especialista em
educação Pedro Demo acredita que isso pode limitar a liberdade de escolha de
carreira dos alunos. “Esta prática funcionaliza a escola a objetivos
imediatistas. Sem falar que a preparação para concursos sempre significa o
espírito dos cursinhos, do macete”, explica.
Fonte: noticias.bol.uol.com.br
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