terça-feira, 5 de março de 2013

No DF, escolas incluem matérias de concursos públicos no currículo




Edgard Matsuki
Do UOL, em Brasília


Ética, direito constitucional e direito administrativo. Disciplinas que são tradicionalmente estudadas por quem pretende uma vaga em concursos públicos começaram a ser ensinadas para crianças do ensino fundamental e médio em uma rede de escolas particulares no Distrito Federal.


Ao todo, 3.400 alunos em cinco escolas passaram a ter matérias preparatórias para concursos na grade curricular a partir deste ano.


O conteúdo começa a ser ensinado dentro da matéria de cidadania no ensino fundamental, com uma aula semanal. “Na primeira fase, entram algumas noções de cidadania que ajudam na formação da pessoa”, diz Fabrícia Crispi, gerente educacional da rede Alub, onde as mensalidades custam em média R$ 600.

Quando o aluno vai para o ensino médio ele começa a ter a matéria de direito: “Aí entram tópicos mais pesados como os do direito administrativo, constitucional e a lei do funcionário público”.

De acordo com alunos, a carga horária de química foi reduzida para que a disciplina de direito entrasse.

Com cerca de um mês, a novidade parece ter agradado os alunos. Ana Laura Machado, do 6º ano, diz estar empolgada com a nova disciplina. “A gente aprende sobre a Constituição, direitos, leis. É legal entender dessas coisas”, diz. Do 2º ano do ensino médio, Laura Lourenço já pensa em seguir carreira em direito e na carreira pública: “Eu quero ser advogada e penso em, no futuro, prestar concurso público, sim. Está valendo para eu ter uma noção de como é a disciplina”.

Aline Dias, do 3º ano do ensino médio, diz que ainda não conseguiu avaliar se gostou da novidade. “Só tive uma aula até agora. Mas pode me ajudar em um concurso público sim. Minha mãe gostaria que eu fizesse. Acho que todo brasiliense pensa em fazer”, fala a garota.

Fabrícia explica que a peculiaridade de região também influenciou na colocação das disciplinas dentro da grade curricular: “Brasília tem uma característica de pessoas que buscam o estudo não para fazer carreira em uma profissão específica e, sim, para passar em um concurso. Muitos dos pais dos alunos são funcionários públicos e pediram para implantar a novidade”, diz.

Crítica ao imediatismo

Todos na escola parecem estar “empolgados” com a implantação das disciplinas, mas o especialista em educação Pedro Demo acredita que isso pode limitar a liberdade de escolha de carreira dos alunos. “Esta prática funcionaliza a escola a objetivos imediatistas. Sem falar que a preparação para concursos sempre significa o espírito dos cursinhos, do macete”, explica.


Fonte: noticias.bol.uol.com.br

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