terça-feira, 28 de maio de 2013

Escola Estadual promove aulas de braile a pedido dos alunos

Foi no Fórum de Direitos Humanos da GRE Metro Norte que a professora Luzia Santos teve acesso a discussões que incentivavam os estudantes a se portarem como protagonistas. Não sabia ela que viveria uma experiência renovadora onde o interesse dos alunos faria a diferença na sua rotina e promoveria uma oportunidade de expandir conhecimentos e interagir com outras formas de comunicação.
Nascida com graves problemas de visão, Luzia perdeu completamente a capacidade visual aos 18 anos de idade e desde então enfrentou grandes desafios até se formar em História. Lecionou na Escola Antônio Souto Filho, Olinda, por 22 anos e há um passou a trabalhar na Biblioteca Marcos Freire, pertencente à instituição, por problemas nas cordas vocais.
Ao anotar os empréstimos e entregas dos livros em braile, a professora foi despertando o interesse dos alunos pelo pontilhado de alto relevo. “Um dia eu disse que a gente poderia marcar um horário para ensiná-los a ler em braile e desde então desenvolvemos a atividade na biblioteca”, conta. A iniciativa começou a ser desenvolvida no ano passado e o grande requisito para participar é um só: ter interesse em aprender esse sistema de leitura.
Os alunos participavam das aulas sem que houvesse horários estritamente definidos. Buscava-se sempre conciliar os horários da escola com o da atividade extra. No entanto, em março de 2013 alunos da Escola de Referência em Ensino Médio Santa Ana também resolveram participar do projeto e se organizaram em horários fixos.
“Alguns eram meus ex-alunos da Souto Filho que trouxeram outros alunos da Erem para terem aulas também. Eles estão organizando uma atividade relacionada ao braile para uma gincana da escola que ocorrerá em outubro e por isso se interessaram pela iniciativa”, afirma Luzia. A partir de então, a professora passou a dar aulas sempre as terças e quintas para um grupo e as segundas e quartas para outro, das 17h às 18h, totalizando um público de nove pessoas. “Outros alunos participam, mas sem muita regularidade”, diz.
Um dos participantes, Mateus Lafaeite, é aluno do 2º ano da Erem Santa Ana e se interessou pela proposta por causa da gincana da instituição que todos os anos realiza uma atividade focada na inclusão social. “Ano passado, fizemos um exercício relacionado a libras, esse ano será ao braile. Estou gostando muito das aulas e penso em como posso ajudar ao próximo quando conseguir desenvolver mais essas habilidades”, afirma Mateus.
Satisfeita com o projeto, Luzia se diz feliz com o engajamento dos alunos e com a possibilidade de expandir a inclusão social. “Tive que me adaptar muitas vezes a realidade dos outros, fico feliz de ver pessoas tentando se adaptar a minha”, reflete. Ela conta ainda que o projeto pode envolver também interessados da comunidade desde que estes se sintam mobilizados, como os alunos das duas escolas, a aprender algo novo, com empenho e vontade.
Fonte: www.siepe.educacao.pe.gov.br

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