Yara Aquino
Da Agência Brasil, em Brasília
Da Agência Brasil, em Brasília
Ensinar matemática com atividades do cotidiano, como fazer
compras na feira e medir ingredientes para uma receita, é a chave do sucesso da
professora de matemática Jonilda Alves Ferreira para despertar o interesse dos
alunos pela disciplina. Com esse método, a professora tornou a Escola Municipal
Cândido de Assis Queiroga, da cidade de Paulista (PB), com cerca de 12 mil
habitantes, um destaque nas últimas edições da Olimpíada Brasileira de
Matemática das Escolas Públicas.
Na edição de 2012, a escola teve cinco medalhas de ouro, duas de
prata, três de bronze e 12 menções honrosas. "Coloco os alunos para
vivenciar a matemática", resume Jonilda. A professora contou que sofria
quando chegava à sala de aula e via os estudantes repudiando a disciplina. Foi
quando decidiu que era preciso mostrar aos alunos que aprender a matemática pode
ser prazeroso. "Fazer com que os alunos gostassem da disciplina era o meu
maior desafio", revelou.
Jonilda resolveu que iniciaria os conteúdos de matemática pela
parte prática. Assim, quando chegasse à teoria, já teria despertado o interesse
dos alunos. A feira, a pizzaria e a cozinha foram locais escolhidos pela
professora da Paraíba para ensinar.
Na cozinha da escola, os alunos medem ingredientes para preparar
receitas e aprendem conceitos de proporção. Na ida à pizzaria, recebem a lição
sobre fração ao dividir os pedaços da pizza que depois vão comer. Uma feira
livre também é cenário das aulas. A professora conta que chegou a levar 35
alunos à feira para fazer compras com um valor em dinheiro pré-determinado. Na
aula de geometria, os estudantes tiram medidas da escola para calcular área e
perímetro.
O filho da professora, Wanderson Ferreira, que hoje tem 12 anos,
já tem duas medalhas de ouro. Ele ganhou uma bolsa para estudos, mas quer conquistar
mais uma medalha antes de aceitar o incentivo. Já inscrito na edição de 2013, o
estudante pretende estudar em média 6 horas diárias.
"O que vale mais é o
aprendizado. Quero fazer arquitetura e engenharia, e saber matemática vai me
ajudar muito". O fato de ter uma mãe professora que incentiva tantos
alunos a aprender matemática é fundamental, segundo ele. "É muito bom não
ter a escola só de manhã, ter a escola durante o dia inteiro", diz.
Uma das medalhistas de ouro de 2012, Daniele Mendes da Silva, 13,
conta que o estudo é intensificado com a proximidade da olimpíada, quando a
professora dá aulas também na própria casa. "Tínhamos aula normal de manhã
na escola, à tarde estudávamos entre amigas e à noite tínhamos aulão com a
professora Jonilda na escola. Tivemos outras preparações na casa da professora
também. Com esse método dela, fica tudo mais interessante", diz, ao
relatar a preparação para a edição de 2012.
Para a estudante do 8° ano do ensino fundamental, o aprendizado
irá fazer diferença no futuro. "Além de adquirir conhecimento para a vida,
isso influencia muito para adquirir emprego e para toda a carreira profissional
da gente", diz Daniele.
A Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas busca
estimular o estudo da matemática e revelar talentos na área. Em 2012, cerca de
19 milhões de alunos se inscreveram e 99,4% dos municípios brasileiros
estiveram representados. Além das medalhas de ouro, prata e bronze, também há
distribuição de bolsas de iniciação científica para os alunos.
Este ano, as provas da primeira
fase da competição serão aplicadas no dia 4 de junho, em horário a ser definido
pela própria escola. Os alunos com melhor desempenho serão classificados para a
segunda etapa, que ocorrerá no dia 14 de setembro. A divulgação dos vencedores
da olimpíada será feita no dia 29 de novembro. A expectativa é que 20 milhões
alunos participem da competição este ano.
Fonte: noticias.bol.uol.com.br
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