Yara Aquino
Da Agência Brasil, em Brasília
Da Agência Brasil, em Brasília
Analisar as contas de energia de casa e elaborar um plano de
redução de consumo e gastos para discutir com os pais são um exemplo de
atividade proposta em livros de educação financeira usado nas escolas. A
disciplina não faz parte do currículo oficial das instituições de ensino, mas
vem ganhando espaço na rede privada de educação. A intenção é que os pequenos
se tornem adultos que saibam lidar com o dinheiro, planejar os gastos dentro do
orçamento disponível, ficar longe de dívidas e ter reservas financeiras.
"O estímulo não é para que as crianças queiram ser ricas,
mas para que elas saibam lidar com o dinheiro no seu dia a dia. Isso fará com
que elas tenham menos problemas financeiros, logo terão menos estresse e assim
terão mais qualidade de vida", explica o autor de livros de educação
infantil para o ensino médio e especialista no tema, Álvaro Morelli.
Para Morelli, o importante é que o conteúdo seja adequado à
idade dos estudantes e trate de situações práticas da rotina das crianças e dos
adolescentes para despertar o interesse e facilitar o aprendizado. "A
educação financeira infantil não deve trazer assuntos de adultos para as
crianças. É preciso falar de dinheiro relacionado a brinquedo, passeio, lanche
e aí introduzir fundamentos de educação financeira", defende.
Seguindo a tendência de
interdisciplinaridade apontada pelo Ministério da Educação para o ensino,
Álvaro Morelli explica que o ideal é que o tema não entre no currículo como uma
disciplina isolada, mas seja trabalhada de forma transversal, inserida no
conteúdo de matérias como matemática, história, artes e física.
Os especialistas explicam que a educação financeira deve ter uma
temática ampla e abordar também o consumo consciente e ambientalmente
sustentável. São orientações para as crianças cuidarem dos próprios brinquedos,
do material escolar, apagar a luz ao sair do quarto e fechar a torneira
enquanto escova os dentes.
Além do impacto que o aprendizado pode ter na vida dos jovens e
crianças, quando os pais não têm uma situação financeira organizada, a
orientação que os filhos recebem na escola pode fazer a diferença em casa.
"Temos casos de pais saindo do endividamento depois que aprenderam
educação financeira com os filhos. É um processo cíclico. Aliás, como foi a educação
ambiental, como vai ser a educação para o trânsito", diz o educador da
consultoria Dsop Educação Financeira Reinaldo Domingos.
A capacitação dos professores é outro elemento fundamental nesse
processo. Em alguns casos, é preciso primeiro incorporar a educação financeira
à vida dos professores, para que depois eles transmitam o conteúdo aos alunos,
segundo Reinaldo Domingos. "O professor acaba assumindo para ele primeiro
a educação financeira, para arrumar a vida e a da família dele, aí é treinando
pedagogicamente para colocar esses ensinamentos para as crianças de forma
ordenada", diz.
Fonte: noticias.bol.uol.com.br
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