Vagner de Alencar
Do Porvir
Os problemas que envolvem o absenteísmo dos professores são
inúmeros, indo dos mais complexos (como o estresse e más condições de trabalho)
aos mais comuns (licença-maternidade, consultas médicas etc.). O que não
acompanha essa ausência, na maioria dos casos, é a substituição.
Sentindo na pele as dificuldades em encontrar substitutos, um
grupo de educadores da rede pública do Mato Grosso do Sul decidiu criar uma
plataforma gratuita para facilitar a comunicação entre profissionais de
educação. O Pega
Aula, lançado há um mês, funciona com um banco de
dados onde professores ou escolas podem encontrar educadores temporários. Além
de permitir que universidades e outras instituições de ensino pesquisem
profissionais para possíveis contratações.
De acordo com Santos, a iniciativa surgiu, inicialmente, com a
ideia de que professores pudessem trocar informações entre si para encontrar
substitutos de maneira mais ágil, suprindo a lacuna de iniciativas nesse
sentido. "Os únicos locais onde os docentes temporários podem se cadastrar
são nas secretárias estaduais e municipais, que são bancos fechados, sem
qualquer tipo de divulgação", diz.
No Pega Aula, as instituições também podem usufruir dos serviços
da plataforma, que permite buscar os profissionais cadastrados a partir de filtros
específicos: por região ou disciplinas. Na outra ponta, os docentes recebem
vagas compatíveis conforme demandas de escolas, universidades ou cursinhos.
Enquanto isso, os alunos que desejam aulas particulares de determinada
disciplina também podem buscar por professores e os contratar
diretamente. "Temos diversos portais que oferecem vagas em todas as
áreas e normalmente para contratos fixos. Ao contrário da nossa proposta, que é
servir como uma plataforma educativa também para os contratos temporários",
afirma Santos.
Segundo levantamento realizado pelo jornal Folha de S. Paulo, em
2012, apenas no estado de São Paulo, uma em cada três escolas estaduais
enfrenta a falta de professores. Das 1.072 escolas, 343 têm vagas abertas, o
que configura a falta de professores em 32% das escolas.
Ainda no estado mais populoso do país, também no ano passado,
cada um dos 230 mil professores apenas da rede estadual faltou, em média, 21
dias de aulas usando a licença-média, conforme reportagem do jornal O Estado de
S. Paulo. Somando aos seis dias extras, que são abonados e que têm direito os
educadores, essa abstenção chega a 27 dias no ano – o que representa mais de
10% das 200 aulas do ano letivo que exige a lei. "Sem professores, a
escola sofre com desafios na grade, com implicações na carga horária normal e,
principalmente, com os prejuízos para o aluno, que tem de estudar no fim do
ano, no fim de semana ou até mesmo não estudar", diz Santos.
O Pega Aula já conta com mais de cinco mil usuários cadastrados,
de acordo com Santos, que espera uma adesão em maior escala nos próximos meses.
"Por enquanto, o acesso tem sido algo orgânico. Estamos planejamento, com
a volta às aulas, realizar campanhas, nas redes sociais e em outros meios de
comunicação, para atrair mais professores", afirma ele, que estima que a
gratuidade do acesso à plataforma ocorra até o ano que vem, quando a cobrança
pelo uso da plataforma passará a ser de, no máximo, R$ 4,90 mensais, para os
custos com a manutenção do portal.
Fonte: BOL Notícias
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