Mariana Tokarnia
Da Agência Brasil
Da Agência Brasil
Brasília - A maior parte dos estudantes têm dúvidas sobre como
funciona a pontuação final do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Segundo
pesquisa divulgada pelo Ibope, feita pelo painel CONECTAí, com 1.953 usuários
que navegaram no site do Guia do Estudante, entre 4 e 9 de junho, 86% dos
estudantes entendem mais ou menos ou não entendem como são pontuados.
O levantamento mostra que 62% dos estudantes entendem mais ou
menos como funciona a pontuação, 24% não entendem e 14% entendem muito bem. A
pesquisa mostra também que 23% dos estudantes desconfiam do sistema de correção
do exame, 20% não confiam nem desconfiam e pouco mais da metade, 58% dizem
confiar nas correções.
Todos os anos, o Enem é alvo de processos judiciais.
Especialistas e estudantes dizem que a desconfiança e o desconhecimento vêm da
falta de transparência na divulgação dos resultados.
"Primeiro todas as provas são corrigidas, depois
verifica-se a porcentagem de estudantes que acertaram uma questão ou outra.
Aqueles que erram questões que a maioria acerta têm a pontuação reduzida, pois
é esperado que tenham esse conhecimento. O que acontece é que aqueles que
acertaram muito ficam com a impressão que tiraram uma nota menor e a grande
maioria acredita que tirou mais do que acertou".
Prado diz que o sistema é melhor para que seja avaliado o
conhecimento do estudante, mas também mais complexo. Outra dificuldade é a
falta de transparência: mesmo que o aluno saiba fazer os cálculos ele não
consegue, por não ter disponíveis todas as variáveis.
"Só quem tem conhecimento das questões consideradas fáceis,
médias ou difíceis é o Inep [Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais Anísio Teixeira - responsável pelo exame]. Mesmo que os alunos
soubessem como é feito o cálculo, não conseguiriam fazer e isso causa muita
indignação", diz uma das diretoras do 3º ano do Pré-Vestibular Charles
Darwin, de Vitória e Vila Velha (ES).
Segundo ela, a falta de transparência também na correção das
redações faz com que um baixo percentual confie nas correções. "Esse
índice deveria ser não 58%, mas 80%, 90%. Levada para um universo mais amplo, a
pesquisa mostra que de 6 mil inscritos no exame, pouco mais de 3.000 confia nas
correções".
A estudante Thais Bastos se sentiu injustiçada com as correções
e levou o caso à Justiça no último exame. "Ninguém sabe explicar direito a
pontuação", disse. Ela reclama da "ausência da possibilidade de
revisão de qualquer parte da prova". Segundo a estudante, caso pudessem
ser revisitadas questões pontuais poderiam ser aperfeiçoadas, o que não é
possível conhecendo-se apenas a nota final.
O também estudante Ricardo Bolelli disse que teve aulas no
cursinho sobre como a nota do Enem é calculada. Mesmo assim decepcionou-se
quando veio o resultado. Ele obteve uma nota maior no segundo ano, quando fez a
prova apenas para treinar. Na ocasião, ele acertou 130 questões. "A nota
foi maior do que a do Enem que fiz no meu terceiro ano do ensino médio e
acertei 150 questões da prova. Vivemos a realidade da prova.
Presenciamos casos que nos fazem perder a fé no exame. Pessoas
que acertam 20 questões a menos e mesmo assim tiram notas maiores".
Thais e Ricardo também reclamaram da correção das redações.
"Todo ano o Ministério da Educação (MEC) vem com inovações que
teoricamente garantirão correções mais justas, mas não é isso que vemos na
prática", diz Ricardo.
O Inep considera positivo o fato de quase 60% dos estudantes
confiarem na correção e apenas 23% desconfiarem. Além disso, a autarquia
informa que são disponibilizados vários canais para que os estudantes tenham
acesso a informações do exame. O Inep cita o espaço virtual do Enem; o próprio edital,
que informa os critérios utilizados na correção da prova objetiva e da redação,
assim como esclarecimentos sobre o cálculo da nota final do exame; o site do
Inep; além do atendimento pelo telefone 0800 61 61 61 ou pelo espaço virtual da
autarquia.
Em relação à correção das redações, o MEC fez vários ajustes
para o Enem 2013. A expectativa é que o processo seja mais rigoroso e ainda
mais confiável. Entre as medidas, brincadeiras não serão toleradas e os
corretores terão mais horas de treinamento.
A pesquisa do Ibope mostra ainda que a maioria dos que
participaram da pesquisa, 73% vai usar o Enem para participar do Sistema de
Seleção Unificada (Sisu) - que seleciona candidatos a vagas de instituições
públicas de ensino superior -, 44% usarão o Enem também para concorrer a uma
bolsa do Programa Universidade para Todos (Prouni) - em instuições particulares
de ensino superior - e 27% para obter um financiamento do Fundo de
Financiamento Estudantil (Fies).
O Enem de 2013 recebeu número recorde de inscrições, 7.173.574.
As provas serão aplicadas nos dias 26 e 27 de outubro.
Fonte: BOL Notícias
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