Suellen Smosinski
Do UOL, em São Paulo
Do UOL, em São Paulo
O IDHM 2013 (Índice de Desenvolvimento Humano Municipal),
divulgado ontem (29), mostra que, apesar de apresentar maior progresso, a educação ainda fica abaixo dos outros subíndices que compõem o
indicador: saúde (expectativa de vida) e renda. Para Ocimar
Alavarse, professor da Faculdade de Educação da USP, é inegável dizer que a
educação está melhorando, "o problema é que ainda não chegamos a patamares
adequados de qualidade".
Ao analisar o item educação isoladamente, o Brasil subiu de
0,279 (em 1991) para 0,637 (em 2010). É a dimensão que mais avançou nos últimos
anos (128,3%), puxada principalmente pelo fluxo escolar de jovens, que
ficou 2,5 vezes maior em 2010 em relação a 1991. No entanto, é o único
subíndice brasileiro classificado na faixa média do desenvolvimento humano.
Para Simon Schwartzman, pesquisador do Iets (Instituto de
Estudos do Trabalho e Sociedade), o principal problema da educação brasileira é
a qualidade, que no ensino médio se soma à falta de alternativas. "Uma
população muito grande chega ao ensino médio com formação precária. Não se pode
ter um modelo de formação única. Você tem o jovem se preparando para a
universidade, mas também tem o adulto de olho no mercado de trabalho",
afirma.
"O ensino médio está estacionado em matrículas. A saída do
ensino fundamental não cresce como deve crescer e o pessoal que está fora do
ensino médio precisaria de EJA [Educação de Jovens de Adultos] que não
tem", observa Alavarse. De acordo com o professor, é preciso melhorar as
condições de atendimento aos alunos e repensar as práticas escolares.
Schwartzman ressalta que um bom
número de estudantes do ensino médio estão em escolas noturnas, que funcionam
mal. "Temos problemas graves que não melhoram muito. Mesmo o ensino
convencional é de má qualidade. É um desencontro entre o que é pedido e as
necessidades das pessoas que entram nesse curso", completa.
Formação de
professores
E como melhorar os índices da
educação nos municípios? A professora da Faculdade de Educação da Unicamp
Adriana Momma-Bardela acredita que se faz urgente uma reforma nos cursos de
formação inicial de professores de educação básica --pedagogias e licenciaturas.
"É imprescindível que os
professores em formação inicial aprendam e saibam efetivamente como se ensina,
como se aprende, como se acompanha o aprendizado, o que e quem fundamenta o
conjunto de suas ações e propostas formativas", aponta Adriana.
A professora também afirma que
compete aos municípios e Estados a elaboração de planos de carreira, planos
municipais de educação, a explicitação do projeto político pedagógico municipal
e a política efetiva de formação continuada e em serviço. "Estamos democratizando
a educação por meio de ações que punem os professores e crianças pobres, ao
priorizar e enfatizar os números e indicadores em detrimento da qualidade das
interações e relações humanas", disse.
Adriana ainda ressaltou a necessidade
de profissionais do executivo que saibam como se implementam políticas públicas
de educação: "Não precisamos de diretores de educação ou secretários de
educação que compram apostilas e cursos para alcançar índices e resultados
Precisamos de dirigentes da educação que fomentem o debate efetivo e amplo com
a comunidade escolar e população de forma mais ampliada e profunda sobre o real
sentido e significado da educação".
Fonte : BOL Notícias
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