Mariana Tokarnia
Da Agência Brasil, em
Brasília
O ingresso das crianças na
educação infantil é desigual e varia de acordo com a renda. É o que mostra os
dados da SAE (Secretaria de Assuntos Estratégicos) da Presidência da República
apresentados hoje (16) no Seminário Internacional Marco Legal da Primeira
Infância, promovido pela Câmara dos Deputados.
Segundo os números da SAE,
em 2011, 45% das crianças com até três anos de idade das famílias 10% mais
ricas frequentavam creches. Entre as famílias 10% mais pobres, o acesso à
educação foi quase quatro vezes menor, alcançando cerca de 12%. Ao longo do
tempo, o aumento do acesso também foi desigual. De 2001 a 2011, entre os 10%
mais ricos, houve aumento de 14 pontos percentuais em relação ao número de
crianças em creches. Já entre os 10% mais pobres, esse crescimento foi menos da
metade: 6 pontos percentuais.
Para que a defasagem
escolar fosse corrigida, foram tomadas algumas providências como o aumento em
66% do valor repassado para a merenda escolar e a antecipação de recursos do
Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de
Valorização dos Profissionais da Educação) para cada vaga aberta em creches.
"Antes, demorava-se
dois anos para que esse repasse fosse feito, e nesse período as escolas ficavam
sem auxílio federal. Agora, registrando-se a vaga, o recurso é repassado",
explica a ministra. Além disso, as creches com beneficiários do Programa Bolsa
Família recebem recurso adicional de 50% para cada aluno.
As medidas, no entanto,
muitas vezes não chegam aos municípios por desconhecimento, segundo o diretor
presidente da Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, Eduardo Queiroz. A fundação
trabalha desenvolvendo com municípios projetos para melhorar o atendimento
tanto na saúde quanto na educação da primeira infância. "Muitos prefeitos
desconhecem os recursos disponíveis. A política é criada e não chega na
ponta", diz.
O seminário continua até quinta-feira (18). A partir das discussões, a
Câmara dos Deputados vai criar uma Comissão Especial da Primeira Infância, que
deve elaborar um novo marco legal para a faixa etária. O marco deve
complementar o Estatuto da Criança e do Adolescente e, segundo o deputado
federal Osmar Terra (PMDB-RS), um dos organizadores do seminário, deve ser votado
até o final do ano.
Fonte: noticias.bol.uol.com.br
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