Mariana Tokarnia
Da Agência Brasil, em
Brasília
O Inep (Instituto Nacional
de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) reuniu essa semana
especialistas e integrantes de movimentos sociais ligados a alfabetização para
debater o modelo da avaliação externa que será aplicada pelo instituto no 3º
ano do ensino fundamental. O período escolar é o último ano do ciclo de
alfabetização que compreende o Pnaic (Pacto Nacional pela Alfabetização na
Idade Certa), cuja medida provisória foi aprovada esta semana pelo SenadoFederal.
O Pnaic prevê que todas as crianças das escolas
públicas deverão ser alfabetizadas em português e matemática até o final do
terceiro ano do ensino fundamental, aos 8 anos de idade. Mais de 90% dos
municípios brasileiros aderiram ao programa. Para avaliar a evolução do pacto,
o texto do Pnaic prevê três eixos de avaliação: o primeiro, realizado
continuamente pelos professores junto aos alunos e que deve ser debatido no
curso de formação de dois anos para os professores alfabetizadores; o segundo
eixo é a Provinha Brasil, já realizada no início e no final do 2º ano; por fim,
a avaliação externa.
A fim de medir o "ponto de partida" do pacto, o Inep planeja preparar a primeira avaliação externa do período, para julho deste ano. Para isso, o conteúdo da prova, o modo de abordagem e a aplicação devem ser definidos em um mês.
"A avaliação deverá
envolver as escolas e também as famílias e a comunidade, e será realizada de
forma censitária. Este ano, a prova seria um marco zero", diz o presidente
do Inep, Luiz Cláudio Costa. A prova deve avaliar cinco pontos principais: a
infraestrutura disponível, a formação de professores e condições de trabalho, a
gestão escolar, a organização do trabalho pedagógico e o letramento.
"Estamos fazendo um
estudo técnico. Quando falamos de alfabetização é preciso todo o zelo e
atenção. Temos a experiência de outras avaliações e da Provinha Brasil. Este
ano devemos definir uma matriz, mas que depois poderá ser discutida, não é uma
última instância", acrescenta Luiz Cláudio.
Presente na reunião, a
coordenadora executiva da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Iracema
Nascimento, questiona se haverá tempo suficiente para fazer uma boa matriz de
referência para a prova e se não seria precipitado fazer qualquer relação da
prova deste ano com o programa, que começa a ser implementado.
O professor da UFPE
(Universidade Federal de Pernambuco) e membro da diretoria da ABAlf (Associação
Brasileira de Alfabetização), Artur Gomes de Morais, também presente no
encontro, diz que é preciso muita cautela, já que avaliações externas não podem
por si só avaliar programas de formação continuada.
"Seria muito ingênuo
querer atribuir a um programa de formação continuada pontual, o poder e a
responsabilidade de mudar a realidade da alfabetização brasileira", diz
Morais. Ele acrescenta que "tanto no segundo como no terceiro ano, a
avaliação externa não substituirá aquela que o professor continuará realizando
no quotidiano, mas disponibilizará para ele medidas bem objetivas sobre como
cada um de seus alunos avançou (ou não)".
Fonte: noticias.bol.uol.com.br
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