Felipe Martins Do UOL, no Rio de Janeiro
Silvio Predis é um professor incomum -- ele não
reclama do salário, das condições de trabalho, nem tem problemas de disciplina
com seus alunos. O carioca ensina química em escolas particulares do Rio de
Janeiro e Niterói. Seus vídeos com o Rap da Pilha, um batidão com o conteúdo de
química, têm mais de 1 milhão de visualizações no You Tube e mais de 300 mil
compartilhamentos no Facebook.
Com o sucesso na rede, Predis passou a ser convidado para dar aulas em
outros Estados -- o que lhe rende boas histórias para contar.
VEJA O VÍDEO DA AULA
O professor chega a
lecionar dez tempos de aula no mesmo dia em até três unidades diferentes de um
dos cursos pré-vestibulares que trabalha. Na última sexta-feira, por exemplo,
esteve em Niterói, município da região metropolitana do Rio, e em dois bairros
da capital: na Tijuca, na zona norte, e na Barra da Tijuca, na zona oeste.
Apesar do deslocamento por regiões distantes,
Predis não reclama da rotina. Pelo contrário, acredita que tenha encontrado a
fórmula certa para conciliar um trabalho que lhe dá prazer com uma boa dose de
tempo livre, quando se dedica ao jiu-jitsu, ao surfe e a uma partida de futebol
com os amigos.
"Sempre ouvi que
professor não tem vida. Felizmente, comigo isso não acontece. Consegui
encontrar trabalho em lugares que me dão uma boa condição. O salário que eu
tenho hoje me atende para a vida simples que eu planejei ter. Tenho a noite
livre para fazer outras atividades, ficar com a família, praticar esportes. Não
sou escravo da aula", disse.
Rap da Pilha
"Fiz essa música há
10 anos. Estava abordando um assunto complexo que é a pilha e comecei a pensar
em alguma coisa para descontrair, que tirasse o clima de estresse e que
servisse para resgatar o assunto. Aí surgiu o rap", contou. "Depois
da prova [de vestibular], os alunos vieram me contar que fizeram a prova
lembrando da música. Percebi que através do funk eu conseguia prender a atenção
e interagir com eles", disse.
Predis ressalta que a
música é "sempre o último recurso" para o aprendizado das matérias
que leciona. "Não é a principal ferramenta. Esse ano, por exemplo, eu
ainda não cantei . Eu só canto alguma coisa depois que o aluno assistiu a todas
as aulas daquele conteúdo e fez uma grande quantidade de exercícios. A música é
o último recurso do aprendizado. Serve para lembrar o que já foi dado em sala
de aula", disse.
O professor conta que
recebe mensagens de todo o país de professores e estudantes elogiando o seu
trabalho como docente. "Quando você se vê em uma mídia de grande acesso
que é o Youtube esse retorno dos alunos é absurdamente aumentado. Eu já recebi mensagens
dos mais diferentes lugares do país, de alunos de Manaus, por exemplo, até de
professores. É gratificante", comentou.
Além do Rap da Pilha, o
professor pode ser visto na internet de chapéu de caubói fazendo versão de uma
música do chamado sertanejo universitário e também cantando pagode, mas é o
funk o ritmo que mais rende composições. "A maior parte acaba sendo funk
porque foi o ritmo que mais ouvi na adolescência, o que mais me influenciou.
Acabo conseguindo que o aluno chegue de peito mais aberto para as aulas. Chega
muito mais propício a escutar, quebrando a barreira do aprendizado", disse.
Fonte: noticias.bol.uol.com.br
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