Ana Lúcia Caldas*
Da Agência Brasil, em
Brasília
Iniciativas de incentivo à
leitura se espalham por todo o país. No Distrito Federal, a escritora Alessanda
Roscoe defende o Aletramento Fraterno que consiste em ler para os filhos ainda
durante a gravidez. O nome tem uma razão de ser: estimular o hábito da leitura
em uma criança é uma tarefa que pode envolver toda a família.
Autora de 17 livros, a
escritora conta que, desde a primeira gravidez, lê em voz alta para os filhos.
Quando ficou grávida pela terceira vez, a parceria com o marido e os filhos se
intensificou. "Aos poucos, meus filhos mais velhos e meu marido foram
entrando no ritual e tivemos excelentes momentos lendo para a barriga",
diz.
Alessandra faz oficinas
sobre o assunto e orienta "casais grávidos". É dela também a ideia do
clube de leituras para bebês, o Uni Duni Ler. "É maravilhoso ver como eles
curtem, interagem e adquirem intimidade com as histórias e os livros".
O clube surgiu em 2010 na
creche da filha, Luiza. Cada um dos responsáveis pelas crianças comprou dois
livros de uma lista de 30 para que o acervo fosse montado. Mesmo com a
participação ativa dos pais, quem escolhe o que levar para casa são as crianças,
nas cirandas literárias promovidas semanalmente. Alessandra esclarece que os
bebês não leem, mas olham e folheiam os livros e até contam as histórias do seu
jeito.
Segundo ela, é preciso
respeitar o ritmo dos pequenos, que pedem para ler sempre as mesmas histórias.
"Os estudos explicam que a repetição faz parte do desenvolvimento das
crianças na primeira infância, elas pedem para ouvir a mesma história infinitas
vezes por quererem ver se tudo será como da primeira vez, sentem-se seguras
quando já conhecem o final", ressalta.
A bancária Fernanda
Martins Viana é mãe de dois sócios do clube: Carlos, mascote do grupo, de um
ano e dez meses e Gabriel, de cinco anos. Para ela, a iniciativa tem que ser
copiada. "Nós nos tornamos também leitores. Eu espero ansiosamente o dia
do encontro, que me leva para o universo infantil."
Segunda ela, o filho mais
velho já expressa o quanto gosta e o mais novo já está totalmente à vontade
nesse mundo. "Ele senta no colo de um pai, ouve um pouco, depois vai para
outro. Carlos começa a ter uma intimidade com o livro, que não se torna uma
obrigação."
A criança que é
incentivada a ler desde cedo vai criar com o livro uma relação de afeto,
diferente daquele que é obrigada a ler. Por isso, a escritora defende que a
ideia do clube do livro seja replicada. "É fácil, basta apenas ter uma
mala com livros".
As histórias da escritora
surgem de situações que vive com os filhos e com outras crianças. Entre as
obras publicadas estão "A Fada Emburrada"; "O Jacaré Bile";
"O Menino Que Virou Fantoche"; "A Caixinha de Guardar o
Tempo" e o "Guia de Leitura para Bebês e Pré-Leitores Uni Duni
Ler", que já foi distribuído em creches e escolas públicas no Rio Grande
do Sul.
Um dos livros de
Alessandra, escrito com a filha Beatriz quando tinha 5 anos de idade, inspirou
o curta-metragem de animação A Menina Que Pescava Estrelas, de 2008.
Dia Internacional do Livro Infantil
Dia 02 de abril, se
comemora o Dia Internacional do Livro Infantil, para lembrar que, há 208 anos,
nasceu o dinamarquês Hans Christian Andersen. Muitos não conhecem esse nome,
mas certamente não se esquecem de suas obras: O Patinho Feio, O Soldadinho de
Chumbo, A Pequena Sereia e A Polegarzinha. A origem humilde do escritor não
impediu que criasse histórias que encantaram gerações por todo o mundo. Na
verdade, o contato com diferentes níveis sociais o ajudou a construir o contraste
percebido em várias de suas narrativas.
O Brasil também tem seu
"Hans Andersen": José Bento Renato Monteiro Lobato. O dia de seu
nascimento, 18 de abril, foi adotado no país como o Dia Nacional do Livro
Infantil. Grande parte das histórias infantis de Monteiro Lobato é ambientada
no Sítio do Picapau Amarelo. O sítio transporta o leitor para um Brasil rural,
simples e inocente. Seus personagens, muitos deles crianças como os próprios
leitores, estimulam a fantasia e a imaginação em suas aventuras. "De
escrever para marmanjos já estou enjoado. Bichos sem graça. Mas para crianças
um livro é todo um mundo", teria dito o escritor.
(*Com informações de Marcelo Brandão, da Agência Brasil)
Fonte: noticias.bol.uol.com.br
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